As doenças reumáticas na infância têm frequência cada vez mais elevada, principalmente em adolescentes do sexo feminino. Entre essas doenças reumáticas, o lúpus eritematoso sistêmico (LES) se destaca. Crianças e adolescentes necessitam de atendimento diferenciado, devido ao potencial impacto da doença e da terapia no crescimento e desenvolvimento físico e psicológico.
Entre toda a população lúpica, em tono de 20% pertence à faixa etária pediátrica, se manifestando até os 16 anos. A principal diferença é que, na criança, o acometimento renal pode ser mais prevalente e grave. Os critérios diagnósticos utilizados para o LESJ são os mesmos do adulto e o tratamento é bastante similar.
Os sinais e sintomas são muito variáveis, e qualquer órgão pode ser afetado. Frequentemente, encontramos no início da doença os seguintes sintomas:
febre, perda de peso e mal-estar, com agravamento no decorrer de semanas ou até meses.
As manifestações clínicas mais comuns são: artrite (67%), erupção malar (66%), nefrite (55%) e doença do sistema nervoso central (27%). Algumas crianças apresentam sintomas agudos – até mesmo com risco de vida – já no início da doença.
Embora não façam parte dos critérios diagnósticos, manifestações decorrentes do acometimento de diferentes órgãos podem ocorrer, tais como:
-febre persistente,
-hemorragia pulmonar,
-hipertensão pulmonar,
-pneumonite,
-miocardite,
-doença valvar,
-doença arterial coronária,
-ascite,
-pancreatite,
-hepatite
Nem todas as manifestações necessárias para o diagnóstico definitivo podem estar presentes quando a criança é vista pela primeira vez. Assim, quadros reumatológicos, dermatológicos, renais e neurológicos sem diagnóstico etiológico definitivo devem ser acompanhados até que um diagnóstico possa ser firmado.
O tratamento da doença é crônico e prolongado, são eles:
- Acompanhamento Reumatologia e com Pediatra.
- Outras especialistas podem ser acionados: Nefrologista, Cardiologista, Neurologista, entre outras, a depender dos órgão acometidos;
- Nutrição adequada, com cuidado na oferta de sal e proteínas nos pacientes hipertensos e com acometimento renal;
- Cuidado com a exposição solar, tentando evitá-la e lembrando de utilizar filtro solar;
- Tratamento medicamentoso é baseado na utilização de corticoides (prednisolona ou prednisona) e anti-maláricos (cloroquina ou hidroxicloroquina). Em casos graves, a pulsoterapia pode ser utilizada. O uso crônico de corticoides exige monitorização de seus efeitos colaterais: hipertensão arterial, osteoporose, catarata, alteração do crescimento, acne, úlceras, susceptibilidade a infecções, dentre inúmeros outros.
- Em casos de acometimento renal, a utilização de imunossupressores, tais como azatioprina, micofenolato e ciclofosfamida, melhorou consideravelmente a sobrevivência e a gravidade da agressão renal ;
- O tratamento não deve ser retardado nos casos graves, mesmo nos pacientes que não preencham todos os critérios de classificação; o reumatologista vai coordenar esse tratamento.
- Não esquecer de seguir o calendário de vacinação. Atenção na indicação das vacinas vivas nos paciente em uso crônico de corticoides e/ou imunossupressores. Converse sempre o reumatologista para receber orientações.
É importante tratar adequadamente as manifestações clínicas e seguir cuidadosamente aqueles que não preencham os critérios diagnósticos. Dessa forma, caso apareçam achados adicionais, estes podem ser investigados ao longo do tempo, fechando o diagnóstico definitivamente.
Outros fatores, como história familiar, idade, duração dos sintomas e evolução dos achados, devem ser levados em conta antes de classificar uma criança com LES, uma vez que nenhum dos critérios clínicos ou imunológicos para a classificação do LES é específico da doença. Alguns pacientes podem apresentar manifestações graves de órgãos pelo lúpus sem cumprir os critérios de classificação e devem ser tratados prontamente.
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