As principais artrites microcristalinas são a gota, a doença de deposição de pirofosfato de cálcio (CPPD) e a doença por deposição de fosfato de cálcio básico. A doença CPPD é a segunda principal causa de artropatia por cristal e parece afetar 4%-7% da população adulta na Europa e nos Estados Unidos.

A CPPD, também chamada por pseudogota, é caracterizada pela deposição de cristais de pirofosfato em várias estruturas articulares. As causas da CPPD podem ser classificadas nas seguintes categorias: idiopáticas, metabólicas, hereditárias e pós-traumáticas. As doenças metabólicas hemocromatose, hiperparatireoidismo, hipofosfatemia, hipomagnesemia e hipotireoidismo aumentam o risco de deposição de pirofosfato de cálcio.

Diferente da gota, não há associação definida entre a CPPD e sexo, obesidade ou hábitos de vida, mas é mais frequente com o passar da idade. É rara antes dos 60 anos.

A CPPD tem sido mais comumente documentada nos joelhos, punhos, sínfise púbica e tende a aparecer nas formas: assintomática, aguda ou crônica. As crises agudas geralmente são monoarticulares e tendem a durar mais (até meses), o que é diferente da gota (uma semana). As formas crônicas podem se assemelhar à osteoartrite ou à artrite reumatoide.

O diagnóstico definitivo pode ser feito pela identificação dos cristais na análise do líquido sinovial, nas isso nem sempre é possível pois há necessidade de se fazer uma punção da articulação. Avaliando o líquido sinovial em microscópio de luz polarizada é possível verificar a presença de cristais fracamente birrefringentes, com aparência romboide ou em forma de bastonete (Figura 1).

Nos exames de imagem, os depósitos são frequentemente articulares (cartilagem hialina, fibrocartilagem, sinóvia, cápsulas e ligamento) e têm morfologia pontual ou linear (Figura 2).

Como não há cura, os tratamentos proporcionam alívio sintomático e incluem uso oral ou intra-articular com anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) ou corticoide, gelo, repouso temporário e aspiração articular.

fontes: Radiology Case Reports 15 (2020) 1773–1776

Osteoarthritis and Cartilage 22 (2014) 975-979

Todo mundo já ouviu falar em hipocondria. É a focalização compulsiva do pensamento e das preocupações sobre o próprio estado de saúde, frequentemente acompanhada de sintomas que não podem ser atribuídos a nenhuma doença orgânica. Geralmente, a pessoa acredita que qualquer coisa que esteja acontecendo no corpo dela é uma doença, e uma doença grave. São indivíduos que fazem buscas obsessivas por consultas médicas para diagnosticar o problema; tendem a não confiar em resultados de exames ou nos pareceres médicos; e apresentam ansiedade ou angústia constantes por causa de seu estado de saúde.

E a cibercondria?

A internet tem se revelado um recurso valioso para o autocuidado, permitindo o acesso a informações e promovendo a interação entre profissionais, cuidadores, usuários de serviços de saúde e pessoas interessadas em informações sobre saúde. No entanto, isso pode ser fonte e causa de doença também: a cibercondria.

Cibercondria é um fenômeno clínico em que repetidas buscas na Internet sobre informações médicas resultam em preocupações excessivas com a saúde física. A cibercondria está positivamente associada a sintomas de ansiedade e estresse com a saúde.

Não se trata, felizmente, de distúrbio muito comum, mas pode ser uma atividade sobre a qual há pouco ou nenhum controle. Indivíduos com cibercondria são, portanto, propensos a negligenciar ou despriorizar seus deveres e atividades em casa, no trabalho ou nos ambientes de aprendizado. O pior: a pandemia da COVID-19 pode piorar essa situação para quem já tem uma tendência à cibercondria.

Existe até um instrumento internacional para avaliar a presença de cibercondria. Trata-se de uma escala chamada da Cyberchondria Severity Scale e ela já adaptada para o português brasileiro.

Precisamos de mais pesquisas com o objetivo esclarecer a frequência da cibercondria em nosso meio, quantificar seu impacto e desenvolver abordagens baseadas em evidências para seu controle e tratamento.

Fique atento à sua saúde, mas de forma racional. Cuide para não desenvolver mais um problema causador de estresse e ansiedade.

Referências:

Mathes BM et al. Cyberchondria: Overlap with health anxiety and unique relations with impairment, quality of life, and service utilization. Psychiatry Res. 2018 Mar;261:204-211. doi: 10.1016/j.psychres.2018.01.002. Epub 2018 Jan 3. PMID: 29324396.

Silva FG et al. Cross-cultural adaptation of the Cyberchondria Severity Scale for Brazilian Portuguese. Trends Psychiatry Psychother. 2916;38(2):90-95.
https://doi.org/10.1590/2237-6089-2015-0063

Alguns medicamentos muito importantes na Reumatologia, infelizmente, não devem ser usados durante a gravidez. Entre eles estão: metotrexato, leflunomida e ciclofosfamida. Para outros ainda não há experiência suficiente para determinar se pode ser usado com segurança na gravidez.

Sabemos que o melhor momento pra engravidar é aquele em que o reumatismo estiver persistentemente controlado. E sim, existem medicamentos que podem ajudar a mulher e ter uma gestação tranquila. Prednisona, hidroxicloroquina, colchicina, sulfassalazina, azatioprina podem ser usados antes e durante a gestação, e durante a amamentação.
Podemos usar mas com monitoramento: ciclosporina, tacrolimus, e anti-inflamatórios não hormonais. Os anti-inflamatórios, por exemplo, são muito utilizados e o cuidado com eles seria suspender no terceiro trimestre da gestação.

Por isso, algumas recomendações são úteis para médicos e pacientes da Reumatologia:

  1. Antes de iniciar um tratamento, devemos perguntar às pacientes se elas estão, podem estar ou pretendem engravidar, ou estão amamentando.
  2. Devemos orientar as mulheres em idade fértil a utilizarem métodos contraceptivos eficazes durante o tratamento, se forem utilizar medicamentos proibidos para esse período.
  3. Orientar as pacientes a informar imediatamente se elas acham que podem estar grávidas ou se a gravidez for confirmada, a fim de facilitar as condutas e as discussões apropriadas sobre os riscos.
  4. Planejar com as pacientes o melhor momento e quanto tempo antes de tentar engravidar elas devem interromper o tratamento e que alternativas de medicamente podem ser escolhidas.
  5. Se o reumatismo é lúpus: na gravidez, usar aspirina em dose baixa (75 a 150 mg por dia) começando entre 12 a 16 semanas, para prevenção de pré-eclampsia, parto prematuro e crescimento intrauterino retardado.

fonte: Götestam Skorpen C et al. The EULAR points to consider for use of antirheumatic drugs before pregnancy, and during pregnancy and lactation.. Ann Rheum Dis. 2016; 75 (5): 795-810.

Os animais são bons companheiros porque são capazes de sentir sinais físicos associados à dor ou estresse, como pequenas mudanças no cheiro ou na linguagem corporal. Afagar os animais é bem conhecido por diminuir a pressão arterial e diminuir a percepção da dor. Tem até um impacto no nível neuroquímico.

Ter um animal de estimação pode torná-lo menos solitário quando uma crise do reumatismo o mantém em casa. E as tarefas associadas aos animais de estimação, como passear, alimentar ou cuidar da higiene, adicionam motivação positiva para fazer exercícios e fazer atividades ao longo do dia.

Animais de estimação são seguros para pessoas com reumatismo?

Alergias, doenças e lesões são as principais preocupações. Pessoas com reumatismo podem evitar animais e pássaros exóticos, que não podem ser totalmente vacinados e podem transmitir infecções aos seres humanos.

Em geral, se os animais de estimação são bem vacinados, bem treinados, saudáveis ​​e limpos, há poucos problemas relacionados à saúde em trazer um para casa.

A outra preocupação é poder cuidar adequadamente do animal. Há uma obrigação de mantê-los saudáveis, felizes, exercitados e limpos. Isso pode ser caro tanto em dinheiro quanto em energia. Esteja atento com o que você pode lidar ao considerar ter um animal de estimação.

Por exemplo, animais jovens ou enérgicos (pense: cachorros e gatinhos) exigem idas noturnas ao banheiro, treinamento e muito tempo de brincadeira em geral ao longo do dia. Animais mais idosos geralmente são mais calmos, mas podem ter problemas de saúde ou problemas de comportamento que exigem cuidado e atenção.

Dicas para cuidar de animais de estimação:

  1. Certifique-se de que há espaço suficiente para o animal, bem como os brinquedos e acessórios certos. Pergunte ao seu veterinário ou pet shop sobre árvores para gatos, brinquedos para mastigar, guloseimas e outras coisas apropriadas para seu animal de estimação. Claro, uma simples caixa de papelão e papel enrugado podem ser suficientes para alguns animais.
  2. Visitas regulares ao veterinário também são essenciais para manter o animal de estimação e o dono livres de doenças. Não pule essas visitas se puder evitar. Felizmente, algumas clínicas fazem atendimento domiciliar, e essa pode ser uma boa opção.
  3. Pequenos animais que requerem baixos níveis de manutenção, incluindo gatos e cães pequenos, são uma boa opção para pessoas com reumatismo. Animais que vivem em gaiolas e aquários não precisam de passeios, então peixes, hamsters ou porquinhos-da-índia podem ser ótimos animais de estimação. Esses animais de estimação precisam de alimentação, limpeza e socialização muito básicos e podem ser muito gratificantes de cuidar.

Ao encontrar o animal de estimação certo para você, considere como você lidaria com as flutuações na atividade da doença do seu reumatismo. Veja se pode contar com sua família, parceiro, colegas e amigos para identificar uma rede de apoio (para seu animal de estimação e para você!). Dessa forma, você pode se concentrar na alegria que os animais de estimação trazem à sua vida.

Um estudo americano que analisou os dados do Estudo de Saúde das Enfermeiras (Nurses’ Health Study – NHS) mostrou que mulheres que fizeram pelo menos quatro escolhas de estilo de vida saudável tiveram redução significativamente no risco de desenvolver artrite reumatoide.

Adotar hábitos como beber com moderação, nunca fumar, exercícios regulares e uma boa dieta foi associado a uma redução de risco de 34% (IC 95% 20%-47%).

Com dados de cerca de 250.000 mulheres, o estudo publicado na importante revista científica Arthritis Care & Research – é um dos maiores e mais longos a examinar a relação entre estilo de vida e o aparecimento da artrite reumatoide.

Ao longo de uma média de 24 anos de acompanhamento, a artrite reumatóide se desenvolveu em 1.219 participantes, com cerca de dois terços soropositivos para fator reumatoide (FR).

Os autores se basearam no NHS, que começou a coletar dados de saúde das mulheres em 1976. Enfermeiras profissionais nos EUA são avaliadas periodicamente desde então, e continuam a ser acompanhadas, preenchendo questionários sobre seu estado de saúde e comportamentos relacionados, permitindo o acesso aos seus registros médicos.

A dieta foi avaliada por meio de perguntas sobre a ingestão de mais de 130 tipos de alimentos, gerando um Índice Alternativo de Alimentação Saudável. Outros fatores de estilo de vida examinados no estudo incluíram exercício físico, consumo médio de álcool e histórico de tabagismo. O índice de massa corporal (IMC) dos participantes também foi usado como indicador de estilo de vida saudável. Todos os fatores juntos foram inseridos em um “escore de índice de estilo de vida saudável” categórico.

Para fins estatísticos, os autores analisaram esses fatores como variáveis ​​binárias (sim ou não), com o seguinte definido como “saudável”:

≥19 MET (equivalente metabólico) horas/semana
IMC 18,5-24,9
Estar acima do percentil 40 no Índice Alternativo de Alimentação Saudável
Nunca fumar
Ingestão diária de álcool de 5-15 g (equivalente a cerca de uma dose de bebida)

A escolha deste último item como a abordagem mais saudável para beber foi baseada em estudos anteriores que indicavam que a abstinência total, bem como a maior ingestão diária, estavam associadas a pior estado de saúde em relação a esse nível moderado.

E que fatores eles encontraram assoados ao aparecimento da artrite reumatoide?

Cada incremento no escore de índice de estilo de vida saudável foi associado a uma diminuição de 14% no risco de artrite reumatoide incidente (IC 95% 10%-18%). Mulheres com 5 fatores de estilo de vida saudável apresentaram menor risco (HR 0,42, IC 95% 0,22-0,80).

Tomados individualmente, os maiores contribuintes para o efeito protetor aparente foram: o consumo moderado de álcool, a abstinência de fumar e o IMC normal. Da mesma forma, os menos importantes para a artrite reumatóide foram dieta e exercício.

Os pesquisadores concluíram que “a confluência de fatores modificáveis ​​do estilo de vida representa uma mudança de paradigma no pensamento sobre a artrite reumatoide e o risco de doenças autoimunes”.

Além disso, para a população em geral e, em particular, para aqueles com histórico familiar, uma mensagem importante é mantenham comportamentos saudáveis ​​para minimizar o risco de artrite reumatoide.

Sem dúvida: a vida, quanto mais saudável, melhor. E uma tacinha de vinho por dia é bom também!

fonte:Hahn J, et al “Association of healthy lifestyle behaviors and the risk of developing rheumatoid arthritis among women” Arthritis Care Res 2022; DOI: 10.1002/acr.24862.

A polimialgia reumática é uma doença que acomete pessoas acima de 50 anos, causando rigidez e dor no pescoço, ombros e quadris. A rigidez pode ser tão intensa que pode incapacitar a pessoa para as atividades mais simples.

Outros sintomas frequentes são a fadiga, desânimo, perda de peso, e até febre baixa.

Quando pensar em polimialgia reumática?

Os sintomas tendem a aparecer rapidamente, ao longo de alguns dias ou semanas, e podem ser intensos durante a noite. Ambos os lados do corpo são igualmente afetados. O envolvimento da parte superior dos braços, com dificuldade em levantá-los acima dos ombros, é comum. Às vezes, a dor ocorre nas articulações, como as mãos e os punhos.

A dor é pior pela manhã e melhora com o passar do dia. No entanto, a inatividade, como uma longa viagem de carro ou ficar muito tempo sentado em uma posição, pode causar o retorno da rigidez. Os pacientes podem relatar os problemas listados abaixo:

  • Sono perturbado
  • Problemas para se vestir de manhã (por exemplo, colocar uma jaqueta ou se abaixar para calçar meias e sapatos)
  • Problemas para se levantar de um sofá ou entrar e sair de um carro.

A idade média de início dos sintomas é de 70 anos, e é mais frequente em mulheres (duas mulheres para cada homem), é mais comum em caucasianos.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico da doença pode ser difícil já que não costuma causar edema nas articulações. Devemos lembrar que a polimialgia reumática pode ocorrer com outro problema de saúde, como a arterite de células gigantes – uma inflamação das artérias grandes e médias da cabeça, pescoço e parte superior do corpo. Apresenta-se como dor de cabeça intensa na região temporal, podendo ocorrer perda súbita da visão e dificuldade para a mastigação.

Os resultados dos exames de sangue que detectam inflamação – hemossedimentação e proteína C reativa, geralmente estão anormalmente altos. Ambos podem estar muito elevados na polimialgia reumática, embora em alguns pacientes esses testes podem ter resultados normais ou apenas ligeiramente elevados.

O tratamento da polimialgia reumática envolve o uso de corticoide, que tem por objetivo reduzir e combater a inflamação que causa os sintomas da doença.

Às vezes, nosso sistema imunológico sofre um equívoco. Ao invés de produzir anticorpos apenas para combater agentes nocivos, como vírus e bactérias, alguns anticorpos se ligam a componentes das nossas próprias células. No caso do FAN (fator antinuclear) o anticorpo se liga a proteínas do núcleo das células. Isso pode não ter efeito clínico algum ou ser a causa de uma inflamação. É o o nosso corpo reagindo contra si mesmo. Por isso chamamos as doenças que tem esse mecanismo de autoimunes.

Podemos então ter autoanticorpos sem ter doença, e geralmente em pequenas quantidades. É verdade: quando apresentamos uma grande quantidade de autoanticorpos isso pode indicar ou favorecer o aparecimento de uma doença autoimune. Como sabendo isso? Através do título do anticorpo, que é um número que acompanha o resultado positivo do FAN, por exemplo: 1:640 é maior que 1:80.

É muito importante: nós médicos não devemos solicitar o FAN se o paciente não tem sintomas indicativos de doenças. Mas não se preocupe se você não tem sintoma e por acaso foi feito o exame, e por acaso ele veio positivo. Em estudos na população sem sintomas encontramos 10% a 15% de FAN positivo em títulos baixos. Por isso, a simples presença de um FAN positivo não é suficiente para o diagnóstico de nenhuma doença.

Outra situação que devemos lembrar é que alguns medicamentos são causa de FAN positivo, a maioria não tem relação com sintomas. Em alguns casos pode haver sintomas, o chamado lúpus induzido por droga. Esse quadro é geralmente leve e desaparece totalmente com a retirada da medicação envolvida. Informe ao seu médico todas as receitas, medicamentos de venda livre e suplementos que você toma.

O FAN pode ser o exame inicial na investigação das doenças autoimunes, e deve ser avaliado junto com o quadro clínico do paciente. Quando o paciente tem sintomas de doença autoimune, ele ajuda muito a direcionar o diagnóstico.

Voltando ao laboratório, existem padrões de FAN. Significa que quando olhamos pelo microscópio, há imagens que representam os diferentes anticorpos do FAN. Cada um deles demonstra que o anticorpo está direcionado a uma estrutura da célula, e alguns padrões são bem específicos de doenças autoimunes. Isso ocorre com o lúpus, esclerose sistêmica, artrite reumatoide e síndrome de Sjögren. Outros são inespecíficos, os que estão presentes em pessoas assintomáticas.

O reumatologista é o médico que pode orientar a necessidade de você fazer um exame de FAN e as melhores próximas etapas para uma avaliação posterior, caso ele venha positivo.

A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica e autoimune que atinge as articulações, inclusive as das mãos e dos pés.

Não temos a cura ainda, mas o tratamento pode aliviar os sintomas e manter a qualidade de vida.


Nesse sentido, alguns alimentos também podem ajudar. Isso porque alguns alimentos podem contribuir para diminuir a inflamação na artrite reumatoide.

Por isso estamos falando da importância de optar por uma dieta saudável, à base de plantas, ricas em grãos inteiros, frutas e vegetais. O teor de gorduras saturadas, sódio e alimentos processados devem ser o menor possível – basicamente uma dieta mediterrânea – azeite, frutas, legumes e pouca carne.

Além de ser uma dieta menos inflamatória, geralmente resulta na perda de peso, o que pode ser ótimo na redução da sobrecarga para as articulações, aliviando os sintomas da artrite.

Vale lembrar que alguns alimentos podem parecer que pioram os sintomas para algumas pessoas, logo podem ser eliminados ou diminuídos da dieta, mas isso deve ser feito sempre com acompanhamento do nutricionista para que não se exclua grupos de alimentos inteiros, ou grande número de alimentos, a ponto de prejudicar a absorção de nutrientes necessária para o funcionamento do corpo como um todo.

É evidente que a alimentação sozinha não tem a pretensão de substituir o tratamento médico, a dieta deve ser encarada como aliada do tratamento.

Quando você pensa na sua saúde, quer o melhor, mais moderno e mais seguro não é mesmo? Eu também penso assim…

Mas como toda essa tecnologia se tornou disponível para mim e para você?

Nesse exato momento existem centenas, milhares de novos medicamentos, tratamentos, técnicas cirúrgicas e vacinas em desenvolvimento. Em um determinado momento desse programa de desenvolvimento, os medicamentos tem que comprovar essas qualidades que nós buscamos para a nossa saúde. E isso é comprovado através dos famosos estudos clínicos ou ensaios clínicos ou ainda, estudos randomizado e controlados por placebo.

Podemos citar vários resultados que vêem dessas de pesquisa: a vacina contra a COVID-19; a evolução do tratamento do câncer e os medicamentos biológicos que tratam as doenças reumáticas.

ENSAIO CLÍNICO

São pesquisas que possuem a participação de voluntários humanos. Podem ser realizados pelos mais diversos ramos da Medicina e visam descobrir novos medicamentos e tratamentos. Podem ser testados medicamentos, técnicas cirúrgicas e até mesmo o efeito de programas de atividade física ou dieta sobre a saúde dos pacientes.

Existem dois tipos principais de estudos clínicos: ensaios clínicos (também chamados de estudos de intervenção) e estudos observacionais.

  • No ensaio clínico, os participantes recebem intervenções específicas de acordo com o plano de pesquisa ou protocolo criado pelos pesquisadores. Permitem comparar uma nova abordagem médica a uma padrão que já está disponível, a um placebo que não contém ingredientes ativos ou a nenhuma intervenção. Assim é possível comparar tratamentos que já estão disponíveis com a nova proposta, procurando responder se será útil sem ser prejudicial ou então que seja pelo menos igual às alternativas já existentes. Quando há uma comparação com placebo, o tempo para avaliação do tratamento ativo e do placebo é bem reduzido, para que os pacientes não fiquem sem tratamento.
  • Já no estudo observacional os pesquisadores avaliam os resultados de saúde em grupos de participantes, como por exemplo, podem observar um grupo de adultos para aprender mais sobre os efeitos dos diferentes estilos de vida na saúde cardíaca.

ETAPAS

Como falamos, a pesquisa clínica é feita em etapas. Um remédio em desenvolvimento passa por estudos pré-clínicos (em animais) e clínicos (em seres humanos). Quando os estudos pré-clinícos terminam e o medicamento foi aprovado, só aí são realizados os estudos clínicos de fases 1, 2, e 3. Todos esses dados são analisados pelas agências regulatórias para concluir pela aprovação ou não do medicamento. No Brasil quem tem essa função é a ANVISA.

Fase 1 – Nessa etapa, o medicamento é testado em pequenos grupos, visando analisar a sua segurança e como será sua ação no organismo. Pode também buscar a melhor forma de uso, se via oral ou intravenosa etc.

Fase 2 – Aqui é definida qual a melhor dosagem do medicamento; quanto tempo seus efeitos duram; quais são os efeitos colaterais. Aqui se decide se o medicamento passará para a fase 3.

Fase 3 – Agora o novo medicamento pode ser comparado diretamente com o placebo ou com o já existente. Na maior parte das vezes, o novo medicamento é comparado inicialmente com um placebo. Ou seja, será comparado com uma pílula sem efeito algum, mas com cheiro, cor e tamanho idênticos ao medicamento ativo. O objetivo dessa fase é analisar o resultado do risco/benefício a curto e longo prazo.

SEGURANÇA

Visando a proteção dos participantes da pesquisa, todo ensaio clínico deve passar pela avaliação de um Comitê de Ética em Pesquisa. Ele avalia e pede mudanças no protocolo com o objetivo máximo de garantir a segurança e bem-estar dos voluntários. Você conhece, infelizmente, o caso de um grande estudo sobre a hidroxicloroquina na COVID-19 que aconteceu sem a aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP)…
É por isso que quando vamos incluir um participante num ensaio clínico, ele recebe as informações, tira todas as dúvidas e assina, junto com o pesquisador, o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Somente após compreender e ter sábado todas as dúvidas é que qualquer estudo pode começar para aquela pessoa. Ninguém é obrigado a participar, a participação é voluntária. Nesse TCLE também está descrito do que será constituído o estudo, como duração, número de consultas, exames…
Uma vez inscrito no estudo, espera-se que o participante siga o protocolo, pois isso será muito importante para que a conclusão do estudo seja possível e real.

Estima-se que 30% dos pacientes com esclerose sistêmica desenvolvem úlceras digitais anualmente e até 50% dos indivíduos desenvolvem esta complicação durante o curso natural da doença. Chamamos de úlceras digitais porque acontece nos dedos, também chamados de dígitos. São dolorosas, podem prejudicar as atividades mais simples que realizamos com as mãos, e podem complicar com infecção e gangrena. Em casos extremos pode ser necessária a amputação do dedo.

Por que elas acontecem?

Basicamente porque na esclerose sistêmica ocorrem o fenômeno de Raynaud e o espessamento da pele. Ambos dificultam a chegada normal do sangue nas extremidades, e favorecem o sofrimento dos dedos por falta de oxigenação.

O que podemos fazer para tratar e evitar úlceras digitais?

Aqui vão algumas dicas:
-Evitar o estresse
-Evitar ou se proteger do frio, aquecendo as extremidades
-Abandonar o tabagismo
-Evitar excesso de cafeína
-Evitar beta-bloqueadores, sumatriptano, e efedrina e pseudoefedrina dos descongestionantes nasais.
-Cuidados com a higiene pessoal, principalmente após evacuar (para que bactérias fecais não cheguem às úlceras dos dedos)
-Cuidados com a ferida da úlcera digital, com limpeza, hidratação e tratamento de infecção se houver.

Em termos de medicação, seu médico reumatologista vai fazer a indicação de acordo com seu caso.